domingo, 4 de outubro de 2015

Jaco Galdino: cineasta baiano reconhecido internacionalmente


Foto Jornal Agora
Filho de Jorge Rocha de Santana e Benedita Ana de Jesus (como ele mesmo se apresenta), Jamilton Galdino de Santana, 53 anos, ou como é popularmente conhecido, Jaco Galdino, natural de Caravelas, sul da Bahia, é um cineasta baiano que está fazendo sucesso pelo mundo.
"Tenho o segundo grau completo e milhões de idéias na cabeça. Gosto de arte, minha vida sempre foi envolvida com os movimentos culturais, gosto de trabalhar com o coletivo, acredito que a arte é uma construção revolucionaria é através da arte que nós vamos transformar o mundo", diz Jacó.
O cineasta, que nas horas vagas faz esculturas com reaproveitamento de madeiras, possui uma invejável filmografia de pelo menos 8 filmes e documentários: Não mangue de mim, Outros carnavais, Lia, É tudo mentira, Encontro rede mangue mar , Samba de maragogó, Mukussuy e Itajara, o senhor das pedras.
"Os filmes retratam experiências e modos de vidas das comunidades invisíveis da grande mídia, principalmente as lutas dessas comunidades pela manutenção e conservação dos seus territórios que historicamente lhe pertencem, mas agora se encontram ameaçados pelos grandes empreendimentos hoteleiros, monocultura dos eucaliptos e pautados em questões de preservação ambiental", ressalta Jaco.
O interesse pelo cinema vem de muito tempo. "Sempre gostei de cinema, agora fazer era um sonho que não acalentava por conta da dificuldade de equipamentos e minha falta de habilidade com estas ferramentas. Aí em fevereiro de 2007 surgiu a primeira oficina de vídeo em caravelas. Eu fiz a oficina e descobri que era possível fazer filme, que não tinha bicho de sete cabeça, que todo mundo pode fazer cinema. Foi minha primeira experiência nunca tinha ligado uma câmara tudo era novo para mim", relembra Jacó.
De fato, para Jaco foi fácil. O talento é tão natural que seu primeiro filme, "Lia" (2007), que usa a trajetória de uma menina que tenta contar uma história para as pessoas que não querem escutar, para mostrar como a realidade social muitas vezes é abafada e ninguém escuta a voz das minorias, foi premiado como melhor filme no festival Visões Periféricas que aconteceu no Rio de Janeiro em 2007.
Já o filme "É tudo mentira" (2008) foi selecionado e exibido no festival "Brasil em Movimento" em Paris, França. O filme relata a luta das populações tradicionais na costa brasileira contra a carcinicultura (técnica de criação de camarões em viveiros). É o registro de experiências nos estados do CE e BA na mobilização social para a criação e consolidação de Reservas Extrativistas.
"O importante de tudo isso é que tudo é feito no coletivo, com a participação da comunidade, desde o roteiro até a gravação. Os atores que aparecem nos filmes são moradores da própria comunidade que estão passando para os outros, aquilo que eles mesmos vivem. É um processo bem democrático", afirma Jacó.
O cineasta ressalta o apoio também Cine clube Caravelas, do Parque Marinho de Abrolhos, do movimento cultural Arte Manha, da Pastoral da Juventude, do Ecomar e de Universidades como a UESC (Universidade Estadual de Santa Cruz) e pesquisadores e estudantes que fazem a distribuição e divulgação dos seus filmes.
O cineasta ainda coordena o movimento cultural Arte Manha. "É um espaço onde agrega muitos artistas com diversas atividades como escultura em madeira, dança e percussão afro indígena, decoração de ambientes e ruas, construção de casas, arte gráfica, cinema, teatro e outros", explica Jacó.
O filme NEGRA é uma releitura cinematográfica do poema da compositora, cantora coreógrafa e desenhista, expoente da arte afro peruana Victoria Eugenia Santa Cruz Gamarra.

Postado por: Janaína Nunes

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